sexta-feira, julho 16, 2010

Do orgulho

Que fique bem claro, que se veio aqui para ofender, cuspir frases sem sentido, achar que eu estou sendo moralmente racista ou outra coisa imbecil desse tipo, nem continue lendo. Caso contrário.

"Ver vantagem em ser preto é orgulho. Ver vantagem em ser branco é racismo."
Muito polêmico?

Sim. Do ponto de vista moral pelo menos. Do ponto de vista lógico não tanto. Não tanto quanto deveria ser. Podemos ter orgulho de algo que, em um certo contexto histórico, foi diminuido? Esse algo traz para outro cenário completamente modificado o mesmo complexo de inferioridade de outros tempos e com outros valores? Isso ilustra apenas a vitimização e a vontade de não saírem das poltronas de suas salas com um intuito. O intuito de que: por ele não ser aceito pela sociedade pode-se simplesmente não tentar e culpar a última pelas suas falhas aparentemente criadas por uma hierarquia prémoldada em outro contexto. Acompanharam? Trazer para o contexto atual de que foi vitimizado a longo, médio ou curto prazo é tão burro quanto falar que você era de linhagem Judia e eles foram dizimados portanto Jerusalém pertence a você.

Muito claramente percebemos que o fato de ser branco, negro, índio ou oriental ou qualquer outra marca de pessoa, nada mais é que o próprio rótulo imposto. Se partirmos da regra básica de que os seres humanos pertencem a uma maldita única éspecie, partimos desse preceito para dizer que sempre foi assim. Se sempre foi assim nunca ninguém teve vantagem ou desvantagem sobre alguém, claro que isso com uma visão um pouco mais abrangente de igualdade. Continuando nessa linha de raciocínio. Se somos todos iguais e nunca um teve uma vantagem ou desvantagem sobre o outro, pelo menos do ponto de vista biológico podemos esquecer esse fator que não mudará em nada o relato apresentado. Ah mas muda. E como muda.

O contexto de uma cultura é puramente inválido já que, por ser interpretativo gera conflitos. Esses conflitos acarretam em um problema de certo e errado. E certo e errado interpretativo é a mesma coisa que eu dizer para você que o porco é sagrado. E que devemos nos saciar com sua carne divina.

A supressão de etnias e povos sempre existiu. Brancos x negros x índios x orientais. E porque não dizer brancos e brancos? Na história do mundo, o tapa na cara sempre existiu. De cima pra baixo. Infelizmente essa é a natureza humana e não a natureza do homem branco. "Mas o jeito que os brancos exterminaram os índios e escravizaram os negros foi algo de outro mundo." Concordo. Mas também hão de concordar que, por sua vez, a África Negra possui conflitos avassaladores com guerras civis que não lhes interessa a cor da pele e sim a transparência dos seus diamantes e as riquezas ali obtidas. E há também de concordar que quando aqui moraram, os índios muito provavelmente não eram muito amigos uns dos outros. Em maior ou menor grau, um povo foi subjugado e um povo foi o gestor disso tudo. Esse portanto não é um argumento válido, tendo em vista que se as guerras existiram por algum motivo, esse motivo foi imbecil o bastante para não se ter uma conclusão significativamente positiva.


Afinal subjugar alguém por ter determinada característica dá o direito do oprimido virar opressor da mesma forma em que se iniciou o ciclo e, como vimos em um dos argumentos inválidos, somos todos iguais.
Se somos todos iguais deveria ser fácil a inversão de papéis.

Não.

A inversão de papéis é inexistente do ponto de vista prático. Pelo simples fato de ser mais fácil protestar e se acomodar numa posição de vítima podendo culpar um sistema que o penaliza por uma certa característica. É bem mais fácil dizer que a sociedade está colocando na sua bunda porque seus parentes de três gerações atrás foram subjugados, do que se levantar e tentar alguma modificação na sua patética existência. Se seguir por essa linha de raciocínio eu deveria estar servindo algum lusitano num casarão no centro da cidade.

Do ponto de vista biológico podemos ver que não é necessariamente uma pegação no pé de um ou outro povo em específico, e sim uma chacina em massa causada por um animal que se move por instintos quando realmente necessita de alguma coisa. Do ponto de vista cultural, o julgamento do certo e errado pode ser inexistente mas o bom senso não é uma das virtudes aprimoradas pelo ser humano. Do ponto de vista político é um pouco mais complexo já que não ser vitimizado por um sistema requer um esforço maior de defesa e reação. E essa não é uma qualidade do ser humano. Já inventamos a tecnologia para podermos preguiçar em nossas salas, com os pés na mesinha de vidro no centro do tapete. Do ponto de vista prático é bem mais simples aceitar do jeito que está, pois caso alguém se levante pode piorar. E ninguém quer que piore. Pelo menos é o que nos é ensinado.

Se juntarmos esses argumentos inválidos com a praticidade inexistente, que formam uma cadeia de argumentação considerada 'ok' do ponto de vista moral e, fizermos uma análise fria poderemos dizer que: em outros tempos aqueles que eram subjugados e conquistaram a liberdade e até hoje não usufruem, só pode tido dois finais. Ou não sabem o que fazer ou não realmente a conquistaram. Em ambas as opções é uma babaquice ter orgulho. Orgulho de uma liberdade não conquistada ou conquistada e inaproveitada.

Se vitimizar é conflitante com orgulho. Paradoxal. E burro claro.

A liberdade é inexistente tanto para brancos, negros, índios ou orientais. O verdadeiro problema está em como a sociedade age de forma predatória sobre o povo e os manipula de tal forma que: é mais fácil ficar resmungando entre nós mesmos e culpando uns aos outros do que procurar adquirir uma liberdade de pensamento ou até mesmo o orgulho propriamente dito de ser um ser pensante da fútil existência da raça humana nessa gaiola gravitacional.

Sem mais.

Saudações